A semana para o povo Yorubá era composta de 4 dias, pois foi neste espaço de tempo que o mundo foi criado. Segundo as narrativas tradicionais o quinto dia foi reservado para reverenciar o Ser Supremo, Olórun, e para descansar.
Para cada dia da semana — Ojó òsè — é designado um Òrìsà regente, identificado com a tarefa a ser exercida pela humanidade:
1º Dia — Ojó Awo.
Consagrado ao exercício da sabedoria pelo poder de Òrúnmìlà, na revelação dos fatos pertinentes ao destino das pessoas, suas aflições, desejos e condução de vida com retidão. Para isso, o primeiro dia é sempre destinado à prática da consulta divinatória — Awo — por meio dos búzios ou do Ifá.
2º Dia — Ojó Ògún.
Dedicado à tarefa da luta pela sobrevivência e conquista de posições consagradas pela sociedade. É o trabalho diário para o sustento familiar, desbravando as batalhas que a vida apresenta, superando-as com dignidade na busca das realizações que lhes foram destinadas.
3º Dia — Ojó Jàkúta.
O terceiro dia exalta a justiça a que todos estão sujeitos quando infringem as lei do Ser Supremo. Jàkúta é a denominação de um antigo Òrìsà, anterior a Sàngó, cujo nome significa “o atirador de pedras”, numa alusão aos meteoritos que caem do espaço atingindo pessoas, casas e comunidades, como forma de punição divina por erros cometidos. Por isso é cognominado o Justiceiro de Olódùmarè.
4º Dia — Ojó Obàtálá.
Reverencia Òsàlá, a quem foi incumbida a criação da Terra. Neste dia é reverenciado o princípio criador e formalizador das idéias. Determina um comportamento digno, boa conduta e caráter íntegro das pessoas.
O primeiro dia após o quarto dia da semana Yorubá é denominado de Ojó Ojà Ifé — dia do mercado de Ifé.
O contato cultural entre negros e brancos exigiu uma revisão na ordenação dos dias da semana, sendo aceito o sistema ocidental de sete dias. Foram designadas divindades tutelares para cada dia a fim de definir o tempo sagrado:
Segunda-feira — Èsù, Omolu
Sexta-feira — Òsàlá
Domingo — Todas.
Os dias específicos para determinados rituais foram convencionados como variações de acordo com a natureza de certas divindades e as tradições seguidas por determinadas Casas:
Segunda-feira — obrigação para Èsù na maioria dos casos, com trabalhos de sacudimento e outros serviços espirituais.
Quarta-feira — oferecimento do Àmàlà e oferendas votivas; ritos de Bori; nos ritos de iniciação, determina a entrada para as obrigações, a fim de que os 16 ou 17 dias de recolhimento tenham o seu término num Sábado, para a festa pública do Nome de Ìyàwó. Em alguns casos, não há esta obrigatoriedade de o nome ser dado num Sábado.
Sexta-feira — neste dia, o Candomblé paralisa suas atividades, por ser consagrado à Òsàlà. Resquícios do sincretismo pelo fato de Jesus ter morrido neste dia da semana, daí a expressão Sexta-feira Santa. Nos Candomblés jeje, uma pessoa recolhida para iniciação fica virada sempre, só desvirando às sextas-feiras.
Sábado — de madrugada, ritos de sacrifício, e à noite, as festas públicas.
Fonte: Igbà - a utilização da cabaça
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