Oko é o Òrìsá da agricultura. Está ligado à colheita dos inhames novos e a fertilidade da terra. Òrìsá Nagô, pouco conhecido no Brasil. Na época em que os escravos chegaram, não deram muita importância a este Òrìsá, afinal, ele regia exatamente as plantações, que eram de propriedade de seus Senhores e malfeitores, que os obrigavam a grandes sofrimentos nas lavouras. Por ser da agricultura, se alia a Ògún, pois Òrìsá Oko, é o grande rezador e plantador, com suas idéias sobre plantação, colheita e lavoura, e Ògún, traz as suas ferramentas para ajudar a cavar a terra, o arado, o machado, a foice e a enxada. Okô tem o poder de curar a malária, à qual estão expostos aqueles que lidam com agricultura. É árbitro de conflitos, especialmente entre mulheres, e não raro, juiz das costumeiras disputas entre os Òrìsás. Na época da colheita do inhame, ninguém comia o inhame novo sem antes fazer uma festa para Oko. Na África, nas suas festas, se cozinha todo tipo de vegetais, que são colocados nas praças e ruas para que todos se sirvam. Ele traz um cajado de madeira que revela sua relação com as árvores, além de uma flauta de osso que lembra sua relação com a sexualidade e a fertilidade. É confundido com Òsáàlá, pois ambos vestem o branco. Seu cajado, no Brasil, é confeccionado em madeira. Sendo um Òrìsá raro, tem poucas qualidades conhecidas. Seu nome vem do yorubá, e significa Òrìsá da Palavra. É representado por uma estátua de madeira provida de um imenso falo. Além do cajado e da flauta, traz uma chibata de couro e uma faca com fileira de búzios. Na África usam uma barra de ferro como símbolo. Possui o título de Eni Duru, aquele que é erigido, personagem em pé, referência a seus atributos fálicos. Suas comidas devem ser brancas como o akasá de Òsáàlá. O inhame, cozido em fatias com mel, e canjica branca também com mel. Não aceita dendê.
Uma bandeja de madeira contendo côco, cana de açúcar, milho, inhame, todos os produtos da terra, todos crus, como oferenda.
Itan de Òrìsá Oko
Òrìsá Oko cria a agricultura com a ajuda de Ògun
No princípio havia um homem que se chamava Oko.
Mas Oko não fazia nada o dia todo,
não havia o que fazer, simplesmente.
Quando os alimentos na Terra escassearam,
Olorun encarregou Oko de fazer plantações.
Que plantasse inhame, pimenta, feijão e tudo mais que os homens comem.
Oko gostou da sua missão, ficou todo orgulhoso,
mas não tinha a menor idéia como executá-la.
Até que viu, debaixo de uma palmeira, um rapaz que brincava com a terra.
Com um graveto ele revolvia a terra e cavava mais fundo.
Oko quis saber o que fazia o rapaz.
"Preparando a terra para plantar, para plantar as sementes que darão as plantas", explicou o rapaz de pele reluzente.
"Que sementes , se nem plantas ainda há?!", perguntou, incrédulo, Oko.
"Nada é impossível para Olòdùmàré", foi a resposta.
Começaram então a cavar juntos a terra.
O graveto que usavam como ferramenta quebrou-se e passaram então a usar lascas de pedra.
O trabalho, entretanto, não rendia e Oko saiu à procura de alguma maneira mais prática.
Outro dia, quando Oko voltou sem solução, o rapaz tinha feito fogo, protegendo-o com lascas de pedra.
Viram então que a pedra se derretia no fogo.
A pedra líquida escorria em filetes que se solidificavam.
"Que ótimo instrumento para cavar!", descobriu efusivamente o inventivo rapaz.
Ele pôde então usar o fogo e fazer lâminas daquela pedra, e modelar objetos cortantes e ferramentas pontiagudas.
Ele fez a enxada, a foice, e fez a faca e a espada e tudo mais que desde então o homem faz de ferro para transformar a natureza e sobreviver.
Ele fez a enxada, a foice, e fez a faca e a espada e tudo mais que desde então o homem faz de ferro para transformar a natureza e sobreviver.
O rapaz era Ògún, o Òrìsá do ferro.
Juntos revolveram a terra e plantaram e os alimentos foram abundantes.
E a humanidade aprendeu a plantar com eles.
Cada família fez a sua plantação, sua fazenda, e na Terra não mais se padeceu de fome.
E Oko foi festejado como Òrìsá Oko, o Òrìsá da fazenda, da plantação.
E Ògún e Òrìsá Oko foram homenageados e receberam sacrifícios como os patronos da agricultura, pois eles ensinaram o homem a plantar e assim superar a escassez de alimentos e derrotar a fome.
Fonte: Juntos no Candomblé
Mitologia dos Orixás - Reginaldo Prandi
Nenhum comentário:
Postar um comentário