sexta-feira, 22 de julho de 2011

A força do Abébè


Significado de Abébè

Abebé (abé) sm (yorubá abébè) - Folc. (Bahia): Leque metálico circular, que é, ao mesmo tempo, insígnia e instrumento do Òrìsá Òsún.
Abébè é um leque em forma circular, usado por Òsún quando confecionado de latão ou dourado, alguns podem trazer um espelho no centro, e usado por Yemo quando prateado, normalmente trazem desenhos simbólicos. Tais desenhos, são geralmente corações quando para Òsún, ou peixes, para Yemo. São utilizados nos rituais de Candomblé.
O abébè, é um paramento ritual, símbolo nagô do poder feminino e da realeza, apresenta-se de maneira bem simples, como uma escultura modesta, aos olhares dos visitantes.
Compreendemos que Òsún traduz o arquétipo da grande mãe. Tomando como ponto de partida o abébè, símbolo de Òsún, levamos a refletir sobre a dinâmica, a idéia que encerra em si o belo, o bom, o útil e o eficaz. A dinâmica que integra diversas linguagens da música, no toque do alabê; na dança de Òsún e as artes visuais no código das cores e formas dos ojás, adês e panos-da-costa.


Na milenar tradição civilizatória dos povos yorubás, nossos antepassados africanos, conhecidos também como nagôs, foram trazidos ao Brasil no século XVIII da África Ocidental, região onde se estendiam no passado os diversos reinos yorubás: Ifé, Oyó, Ketu, Ijesá.


Olorun, o Deus supremo, pai e mãe do universo, enviou do orun – espaço infinito - os òrìsás para que criassem o aiyè – espaço visível – e todos os seus habitantes.


Os òrìsás, emanações e enviados de Olorun, são os princípios que dinamizam a existência e que estão presentes nos elementos da natureza: água, ar, terra, fogo e florestas; nas relações comunitárias: familiar, profissional, política, religiosa e na vida de todos os seres humanos.
Para a cosmogonia nagô, todo ser humano na sua constituição física possui parte do universo em seu corpo: água, terra, fogo, ar. Sendo assim, nessa concepção da existência, somos também filhos e filhas dos òrìsás, emanações de Deus = Olorun.
Cada òrìsá possui um símbolo característico da sua natureza ou poder. Òsáàlá, o òrìsá mais velho, grande pai ancestral da humanidade, tem como símbolo o cajado (Opasorò). Òsún, uma das grandes mães ancestrais, tem como símbolo o abébè, um objeto relacionado à autoridade das mulheres sobre a gestação e a fecundidade. Òsóòsi, o caçador e provedor da comunidade, tem como símbolo o arco e flecha, o Ofá. E assim por diante...

Os símbolos dos òrìsás, no contexto da permanência e recriação do patrimônio civilizatório africano nagô no Brasil, se configuram como preciosos documentos visuais e valiosos recursos educacionais para o ensino de História e Culturas dos Africanos e Afro-brasileiros. Essas insígnias dos òrìsás que, no rico significado, nas suas formas, cores e materiais, concentram informações valiosas sobre a visão de mundo dos nossos antepassados africanos e sua cosmogonia, a forma de organização social, o domínio de tecnologias e todo uma refinada concepção estética africana que enobrece a cultura nacional.
Inspirados nos símbolos dos òrìsás, uma fonte que dá contornos e forma ao modo de ser e pensar dos nagôs, observamos que esses símbolos dos òrìsás nos fazem retornar à nossas origens ancestrais e são instrumentos singulares que aprofundam a identidade para a contínua expansão e fortalecimento do povo afro-brasileiro na vivência com a rica pluralidade cultural do país.
O abébè é uma espécie de objeto de metal circular, com um pássaro e um peixe no centro, e simboliza o poder feminino de gestação e a importância da maternidade para as sociedades africanas. O abébè reporta à nobreza das rainhas mães africanas que, ao chegarem ao Brasil, lutaram para criar seus filhos e verem prosperar as suas famílias.



O abébè está relacionado nas comunidades afro-brasileiras nagôs ao poder feminino incorporado pelos òrìsás Òsún que, segundo a tradição afro-brasileira, é a grande mãe ancestral relacionada ao rio e lagos no Brasil; e Yemo que, segundo a tradição afro-brasileira, é a grande mãe ancestral relacionada ao mar no Brasil. As grandes mães ancestrais do mundo, este símbolo evoca a valorização da mulher presente no contexto civilizatório afro-brasileiro.
Nessa perspectiva os òrìsás Òsún e Yemo são consideradas entidades simbólicas, que representam o elemento água e possuem em comum o símbolo abébè - leque ritual.

É através de seu espelho de duas faces que Òsún toma consciência de sua sensualidade, é o símbolo da sua vaidade, mas também uma arma que ofusca os olhos de quem a ataca.  Entretanto, o espelho serve também, de escudo e arma que pode cegar ou aprisionar com seu reflexo.


Abébè de Logun Edé

Logun Edé, também conhecido como o òrìsá menino; Logun é filho de Òsún e Òsóòsi, ele carrega as insígnias de ambos; o abébè de Òsún e o ofá de Òsóòsi. Como seus pais, os domínios de Logun abrangem a fartura, a riqueza e a beleza.






Textos extraídos da Fonte: 

AGBON: ARTE, BELEZA E SABEDORIA ANCESTRAL AFRICANA

RONALDO MARTINS DOS SANTOS

Inaicyra Falcão dos Santos
Instituição: Universidade Estadual de Campinas . Instituto de Artes 

Wikkipédia



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