Fundado em 1830, no período da escravidão no Brasil, os negros formavam suas comunidades nos engenhos de cana. Na Bahia, princesas, na condição de escravas, vindas de Oyó e Keto, fundaram um centro num engenho de cana. Depois se agruparam num local denominado Barroquinha, onde fundaram uma comunidade de Nagô que, segundo historiadores, remonta há mais ou menos 300 anos de existência. Sabe-se que esta comunidade foi fundada por três negras africanas cujos nomes são: Ìyá Detá (Adetá), Ìyá Kalá e Ìyá Nasso, e de um sacerdote ligado aos cultos de Sángò e de Ifá, que tinha o título de Bangbosè Obitikò. Não se tem certeza de quem plantou o Asè, porém o Engenho Velho se chama Ilè Ìyá Nasso Oká.
O Ilè Ìyá Nasso funcionava numa roça na Barroquinha, dentro do perímetro urbano de Salvador. Os africanos que se encontravam ali, lugar deserto naquela época, porém próximo ao Palácio de sua Real Majestade, tiveram receio de intervenção das autoridades no seu culto; daí, Ìyá Nasso resolveu arrendar terras do Engenho Velho do Rio Vermelho de Baixo, no trecho chamado Joaquim dos Couros, lugar onde se encontra até hoje, estabelecendo aí o primeiro Terreiro do Culto Africano na Bahia. A Ìyá Nasso, sucedeu Ìyá Marcelina. Após a morte desta, duas de suas filhas, Maria Júlia da Conceição e Maria Júlia Figueiredo, disputaram a chefia do Candomblé, cabendo à Maria Júlia Figueiredo, que era a susbtituta legal (Ìyá kekere), tomar a posse de Mãe do Terreiro.
Maria Júlia da Conceição, afastou-se com as demais dissidentes e fundaram outro Ilè Asè (o Ilè yá Omin Asè Ìyá Masse - Gantois, em 1849). Susbtituiu Maria Júlia Figueiredo na direção do Engenho Velho, a Mãe Sussu (Ursulina de Figueiredo). Com sua morte, nova divergência foi criada entre suas filhas: Sinhá Antônia, substituta legal de Sussu, por motivos superiores não podia tomar posse da chefia do Candomblé, em consequência o lugar de mãe foi ocupado por Tia Massi (Maximiniana Maria da Conceição). Vencendo o partido da Ordem, os dissidentes, inconformados, fundaram então um outro Ilè Asè (Ilè Asè Opo Afonjá, por Obá Biyi, Mãe Aninha, em 1909).
A direção sacerdotal do Engenho Velho foi posteriormente confiada à Marieta Vitória Cardoso, Oxum Niké, recentemente desaparecida. Atualmente, assumiu a chefia da casa, a Ìyálòrisá Altamira Cecília dos Santos, filha legítima de Maria Deolinda, Sociedade Beneficente e Recreativa. A Sociedade Beneficente e Recreativa São Jorge do Engenho Velho que representa a Casa Branca, foi legalmente fundada a 25 de julho de 1943, registrada no Cartório Especial de Títulos e Documentos em 02 de maio de 1945 sob nr. 15599, declarada de utilidade pública pela Lei Municipal 759 de 31 de dezembro de 1956, é regida por Estatuto e tem personalidade jurídica.
O Terreiro: O terreiro é de Osóòsi e o templo principal de Sángò. O barracão, que tem o nome de Casa Branca, é uma edificação alongada com várias divisões internas que encerram residências das principais pessoas do Terreiro, com também espaços reservados aos quartos de Òrìsás, quarto de Asè, salão onde se realizam as festas públicas, bem como a cozinha onde se preparam as comidas sagradas. Uma bandeira branca hasteada no Terreiro indica o caráter sagrado deste espaço. No telhado do barracão, símbolos de Sangò identificam o Patrono do Templo. Tem como endereço Av. Vasco da Gama, 463.
Em redor do barracão existem várias casas de òrìsás. As obrigações religiosas da Ilè Asè começam no fim de maio ou princípio de junho com a Festa de Osóòsi. A festa de Sangò Airá tem lugar a 29 de junho. Na última sexta-feira de agosto, realiza-se a Cerimônia de Águas de Osàálá, seguindo-se os três domingos consecutivos, nos quais se festeja Oduduwa no primeiro, Osalufan no segundo e a Festa do Pilão em homenagem a Osogiyan, no último domingo. Na segunda-feira imediata, festeja-se Ogún e na seguinte Omolú. Havendo no entanto, um espaço para iniciação de novas filhas, prossegue as festas em louvor a Yànsán, Sangò, Òsún e as ìyagbás, terminando o ciclo festivo no final de novembro.
No início, as atividades do Ilè Asè sofreram perseguições da sociedade e por parte da polícia. Já no período da República, o Candomblé fora proibido de exercer as suas atividades e os terreiros ficaram subjulgados à Delegacia de jogos, entorpecentes e lenocínio. Hoje porém a situação é diferente.
O Ilè Asè Ìyá Nasso é o primeiro Templo de Culto Religioso Negro do Brasil - Casa Branca do Engenho Velho. É o primeiro momumento negro considerado Patrimônio Histórico do Brasil desde o dia 31 de maio de 1984 (tombamento do terreiro do Engenho Velho). Antes disso, em 1982, o terreiro já havia sido tombado como Patrimônio da Cidade de Salvador. Em 1985, o Terreiro do Engenho Velho foi considerado Asè Especial de preservação Cultural do Município de Salvador. A Sociedade São Jorge do Engenho Velho, representante legal da Comunidade do Ilè Asè Ìyá Nasso Oká, foi considerada da utilidade pública municipal e estadual. É membro do Conselho Geral do Memorial Zumbi.
Atualmente está feito o plano de preservação do Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho e prepara-se o projeto de recuperação da área em convênio com o Ministério da Cultura e a Prefeitura Municipal do Salvador.
O terreiro da Casa Branca do Engenho Velho, mais antigo do Brasil, possui um vasto colégio sacerdotal composto pelas egbomins, ogans e oloyés, além de muitos ìyáwòs e abiyans. Deu origem a inúmeros templos afro-brasileiros.
Fonte: José Abade de Oliveira (Otun Olu k'otun Jagun)
A direção sacerdotal do Engenho Velho foi posteriormente confiada à Marieta Vitória Cardoso, Oxum Niké, recentemente desaparecida. Atualmente, assumiu a chefia da casa, a Ìyálòrisá Altamira Cecília dos Santos, filha legítima de Maria Deolinda, Sociedade Beneficente e Recreativa. A Sociedade Beneficente e Recreativa São Jorge do Engenho Velho que representa a Casa Branca, foi legalmente fundada a 25 de julho de 1943, registrada no Cartório Especial de Títulos e Documentos em 02 de maio de 1945 sob nr. 15599, declarada de utilidade pública pela Lei Municipal 759 de 31 de dezembro de 1956, é regida por Estatuto e tem personalidade jurídica.
O Terreiro: O terreiro é de Osóòsi e o templo principal de Sángò. O barracão, que tem o nome de Casa Branca, é uma edificação alongada com várias divisões internas que encerram residências das principais pessoas do Terreiro, com também espaços reservados aos quartos de Òrìsás, quarto de Asè, salão onde se realizam as festas públicas, bem como a cozinha onde se preparam as comidas sagradas. Uma bandeira branca hasteada no Terreiro indica o caráter sagrado deste espaço. No telhado do barracão, símbolos de Sangò identificam o Patrono do Templo. Tem como endereço Av. Vasco da Gama, 463.
Em redor do barracão existem várias casas de òrìsás. As obrigações religiosas da Ilè Asè começam no fim de maio ou princípio de junho com a Festa de Osóòsi. A festa de Sangò Airá tem lugar a 29 de junho. Na última sexta-feira de agosto, realiza-se a Cerimônia de Águas de Osàálá, seguindo-se os três domingos consecutivos, nos quais se festeja Oduduwa no primeiro, Osalufan no segundo e a Festa do Pilão em homenagem a Osogiyan, no último domingo. Na segunda-feira imediata, festeja-se Ogún e na seguinte Omolú. Havendo no entanto, um espaço para iniciação de novas filhas, prossegue as festas em louvor a Yànsán, Sangò, Òsún e as ìyagbás, terminando o ciclo festivo no final de novembro.
No início, as atividades do Ilè Asè sofreram perseguições da sociedade e por parte da polícia. Já no período da República, o Candomblé fora proibido de exercer as suas atividades e os terreiros ficaram subjulgados à Delegacia de jogos, entorpecentes e lenocínio. Hoje porém a situação é diferente.
O Ilè Asè Ìyá Nasso é o primeiro Templo de Culto Religioso Negro do Brasil - Casa Branca do Engenho Velho. É o primeiro momumento negro considerado Patrimônio Histórico do Brasil desde o dia 31 de maio de 1984 (tombamento do terreiro do Engenho Velho). Antes disso, em 1982, o terreiro já havia sido tombado como Patrimônio da Cidade de Salvador. Em 1985, o Terreiro do Engenho Velho foi considerado Asè Especial de preservação Cultural do Município de Salvador. A Sociedade São Jorge do Engenho Velho, representante legal da Comunidade do Ilè Asè Ìyá Nasso Oká, foi considerada da utilidade pública municipal e estadual. É membro do Conselho Geral do Memorial Zumbi.
Atualmente está feito o plano de preservação do Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho e prepara-se o projeto de recuperação da área em convênio com o Ministério da Cultura e a Prefeitura Municipal do Salvador.
O terreiro da Casa Branca do Engenho Velho, mais antigo do Brasil, possui um vasto colégio sacerdotal composto pelas egbomins, ogans e oloyés, além de muitos ìyáwòs e abiyans. Deu origem a inúmeros templos afro-brasileiros.
Fonte: José Abade de Oliveira (Otun Olu k'otun Jagun)
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