segunda-feira, 27 de junho de 2011

Òsóòsí Ode òkè àró - Salve o Caçador!

É o Òrìsá caçador, que vive nas florestas e nas terras verdes não cultivadas. Está associado à lua e à noite, por ser o melhor momento para a caça. Sua técnica consiste em esperar, pacientemente, a preza aproximar-se para, então, deferir seu tiro certeiro.
Òrìsá poderoso, encantado do maior respeito, suas festas são de grande beleza e opulência. Uma delas, a das Quartinhas de Òsóòsí, no Candomblé do Gantois, onde reina a veneranda Mãe Menininha, é um inesquecível espetáculo.

Sua principal ferramenta é o ofá (arco) e a flecha, muito utilizados em sua arte. Acredita-se que esse
òrìsá conhece o segredo do nosso planeta, pois os dois hemisférios (norte e sul), quando separados, assemelham-se ao seu arco.



Outra ferramenta importante é o
ìrúkèrè, objeto sagrado feito com o rabo de búfalo, utilizado, especialmente, para a magia. Seus poderes mágicos são muito importantes, através dos quais os caçadores enfrentam os seres encantados que habitam as florestas. O ìrúkèrè, que é detentor de “axé”, também serve para espalhar a fertilidade pelo mundo.



Na mitologia yorubana, Odé é filho de Yemojá e irmão de Ògún, que, assim como ele, adora a liberdade.  Ambos estão relacionados à fartura, prosperidade e à eterna convivência com a natureza. Foi casado com Òsún, com quem teve um filho, Logun Edé. Na África antiga, Òsóòsi foi o Rei de Ketu e exímio caçador de elefantes. Por ter sido caçador, seu traço de personalidade mais evidente é a paciência e a estratégia.
As abelhas pertencem a Òsóòsi e representam os espíritos dos antepassados femininos. Relaciona-se bem com os animais, cujos gritos imita à perfeição. As feras o respeitam e não o atacam. Apesar de contar com a admiração das mulheres e de tê-las com freqüência em sua cama, Òsóòsi é um òrìsá solitário, que não se adapta à vida familiar. Tende a se afastar das mulheres possessivas, que são nefastas à caça. Está associado ao frio, à noite, à lua. Suas plantas e ervas são refrescantes.
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Veste-se de azul-turquesa. Seu elegante chapéu de abas largas leva penas azuis e brancas. Sua dança é uma das mais bonitas do Candomblé e simula o ato de atirar flechas contra um animal imaginário. As lendas dizem que ele participou de algumas guerras ao lado de Ògún, mas não na linha de frente, como o irmão.
Òsóòsi luta com a inteligência, organizando e orientando os soldados no combate.
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Segundo Pierre Verger, o culto a
Òsóòsi é bastante difundido no Brasil (é patrono do Candomblé brasileiro), mas praticamente extinto na África. Uma explicação é que a nação de Ketu, na qual Òsóòsi reinou, foi destruída pelas tropas do rei de Daomé no século XIX. A intenção era apagar todos os vestígios do Deus Caçador. Mas os africanos de Ketu que chegaram ao Brasil (e a Cuba) como escravos, continuaram cultuando Òsóòsi – que por aqui foi associado aos índios por ser uma divindade das matas, assim como os caboclos de Umbanda. O sincretismo gerou, no Brasil, o Candomblé de Caboclo, muito comum no Norte do País.

Odé tem como missão trazer caça para todos os povos do mundo. A caça simboliza o alimento necessário para a sobrevivência das espécies e, também, a busca de novos caminhos para o desenvolvimento.

A atividade de caçador sempre foi considerada pioneira e muito importante, trazendo para seus integrantes uma posição de destaque entre os seus.

Devido à sua principal atividade, Odé permanece muito tempo isolado, concentrando-se totalmente na tarefa que está desempenhando.

Odé também é reverenciado durante os rituais de colheita e de fertilização do solo.

LENDA DE ODÉ

Na cidade de Ifé, realizavam-se festividades e rituais por ocasião das colheitas. Os sacerdotes da aldeia, fugindo aos seus costumes, não realizavam as oferendas obrigatórias para três das maiores bruxas conhecidas: as Iya-mi Osorongá. Esse ato imperdoável precisava de uma boa punição. Foi assim que elas enviaram um enorme pássaro para assombrar aquela aldeia.

A ave ficou pousada no telhado do palácio, de onde podia avistar toda a cidade.

Um clima de medo e mau agouro espalhou-se entre os moradores, que não sabiam o que fazer para acabar com aquele terrível monstro.

Oferendas foram realizadas para as Osorongás, mas sem resultado. Era tarde demais para isso.

Foi então que alguns caçadores se apresentaram para matar o pássaro das bruxas, mas foram todos derrotados. O último caçador possuía apenas uma flecha, e era a última esperança de livrar a aldeia da morte. Esse caçador era Odé.

Sua mãe, que estava longe daquele lugar, teve um mau presságio com relação a ele. Consultando um Bábàlawo, teve a confirmação do que já sabia: seu filho corria grande perigo.

Foram necessárias muitas oferendas para que a missão de Odé fosse executada com perfeição e, graças a isso, Odé pôde matar o pássaro com sua única flecha, livrando sua aldeia da aniquilação. Desde então, Osotokansosò (caçador de uma única flecha), vem sendo venerado por esse povo.
A Luta de Odé com seu Ofá - pintora Sheila Scolari

CARACTERÍSTICAS DOS FILHOS DE ODÉ

O arquétipo de Òsóòsí
é o das pessoas espertas, rápidas, sempre alerta e em movimento. São pessoas cheias de iniciativa e sempre em vias de novas descobertas ou de novas atividades. Têm o senso da responsabilidade e dos cuidados para com a família. São generosas, hospitaleiras e amigas da ordem, mas gostam muito de mudar de residência e achar novos meios de existência em detrimento, algumas vezes, de uma vida doméstica harmoniosa e calma.

A determinação e a paciência para aguardar o momento certo de agir, fazem parte da sua personalidade. São joviais, rápidos e espertos, sempre com um olhar atento e vivo. Possuem um corpo esguio, sendo geralmente magros e pouco musculosos. Suas mãos são delgadas e finas. Movimentam-se quase que flutuando, com muita leveza no andar. É um òrìsá de pessoas presas ao cotidiano e de homens comuns, que não sonham muito. Alguns filhos desse òrìsá possuem muita criatividade e dons artísticos.

Fonte: http://botequimdobruno.blogspot.com/

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