quinta-feira, 16 de junho de 2011

A importância da água no Candomblé


Sua utilidade é variada. Serve para os banhos de amacis, para cozinhar, para lavar as contas, para descarregar os maus fluídos, para o batismo. Dependendo de sua procedência (mares, rios, chuvas e poços), terá um emprego diferente nas obrigações.

A água poderá concentrar uma vibração positiva ou negativa, dependendo do seu emprego.

A água tem o poder de absorver, acumular ou descarregar qualquer vibração, seja benéfica ou maléfica. Nunca se deve encher de água, o copo até a boca, porque ela crepitará. Ao rezar-se uma pessoa com um copo de água, todo o malefício, toda a vibração negativa dela passará para a água do copo, tornando-a embaciada; caso não haja mal algum, a água ficará fluidificada. Nunca se deve acender vela para o Anjo da Guarda, para cruzar o terreiro, para jogar búzios, enfim, sem ter um copo de água do lado. A água que se apanha na cachoeira, é água batida nas pedras, nas quais vibra, crepita e livra-se de todas as impurezas, assim como a água do mar, batida contra as rochas e as areias da praia, também acontece o mesmo, por isso nunca se apanha água do mar quando o mesmo está sem ondas.

A água da chuva, quando cai é benéfica, pura, porém, depois de cair no chão, torna-se pesada, pois atrai à si as vibrações negativas do local.

Por esse motivo nunca se deve pisar em bueiros das ruas, porque as águas da chuva, passando pelos trabalhos nas encruzilhadas, carregam para os bueiros toda a carga e a vibração dos trabalhos; convém notar que os bueiros mais próximos da encruzilhada são os mais pesados, porém não isenta de carga, embora menos intensa, os demais bueiros da rua.

A importância da água pode ser traduzida numa única palavra: ”VIDA!”

Sem água a vida é impossível.

A Água está presente em praticamente todos os trabalhos do Candomblé, e sua função é importantíssima.

Por seu poder de propiciar vida ela atrai a vida à sua volta, seja material ou espiritual.

As águas utilizadas para descarrego, têm funcionamento parecido com a fumaça, sendo que a fumaça carrega as energias consigo similar ao vento, e a água absorve estas energias.

As águas em quartinhas nas obrigações significam energia vital, e nas quartinhas junto às velas do Eledá, têm a finalidade de atrair para si as energias que por ali passam, atraídas pela Luz.

Conhecemos e fazemos uso em rituais de água de procedência de campos sagrados, tais como:

Rocha
Água detida em saliências nas rochas. Ligada a Sangò – entre suas funções, traz força física, disposição,boa-vontade, sabedoria.

Mar
Ligada a Yemojá – imã de energias negativas, anti-séptico e cicatrizante, fertilidade, calma.

Mina
Ligada a Òsún e Nanan – força, vitalidade – é a mais indicada para se utilizar nas quartinhas e em assentamentos.

Mar Doce
Encontro de rio e mar. Ligada a Yewá – trato do corpo sentimental, humor, bom senso e independência.

Chuva
Ligada a Nanan e Òsún – excelente função de limpeza e descarrego.

Cachoeira
Ligada a Òsún e Sangò – sentimentos, afeto, força de pensamento, alegria, jovialidade.

Rio
Ligada a Òsún (na correnteza) e a Oba (nas margens) – determinação, bons pensamentos.

Poço
Ligada a Nanan – resistência, sabedoria.

Lagos e Lagoas
Ligada a Osùmárè – inventividade, imaginação.

Orvalho
Recolhido das folhas, ao alvorecer do dia. – Ligado a Osáàlá – calma, paciência, fecundidade.

Todas podem ser utilizadas em banhos, assim além de portadoras de seus próprios axés, serve de veículo para o axé dos demais componentes do banho.

Em especial, o omierò ou agbò é feito usando-se  destas águas, dependendo do Òrìsá da ìyáwò, e no assentamento dos Òrìsás da casa, enche-se o pote (quartilhão, porrão…) com todas as águas citadas.

Estas águas devem preferencialmente ser recolhidas e armazenadas, utilizando-se recepientes adequados, outras águas não podem e não devem ser armazenadas por muito tempo, pois “água parada apodrece”.


AS ÁGUAS E OS ORIXÁS FEMININOS



Sendo a  água  muito utilizada nas casas de Candomblé, em muitos ritos ela aparece tendo um significado muito importante, desde o rito do ìpàdé, quando ela é utilizada para acalmar as ajé, até o ritual das águas de Osáàlá, quando ela representa a limpeza lustral do egbé.

Colocar água sobre a terra significa não só fecundá-la, mas também restituir-lhe seu "sangue branco" com o qual ela alimenta e propicia tudo que nasce e cresce em decorrência, os pedidos e rituais a serem desenvolvidos.

Deitar água é iniciar e propiciar um ciclo. Diria ainda que as águas de Osáàlá pelas quais começa o ano litúrgico yorubá tem precisamente este significado.

É comum ao se chegar a uma entrada de uma casa de Candomblé vir uma filha da casa com uma quartinha com água e despejar esta água nos lados direito e esquerdo da entrada da casa.

Este ato é para acalmar Esú e também para despachar qualquer mal que por ventura possa estar acompanhando esta pessoa.

Neste caso, a água entra como um escudo contra o mal.

Entre os òrìsás femininos, destacamos aqui Nanan que está associada à terra, à lama e também às águas. Nànan Burúkú, como é chamada no antigo Dahomé, foi considerada como o ancestre feminino dos povos fons.

Outro òrìsá feminino associado à água é o òrìsá Òsún. Òsún tem toda a sua história ligada às águas pois, na Nigéria, Òsún é a divindade do rio que recebe o mesmo nome do
òrìsá.

Oyá ou Yánsàn, divindade dos ventos e tempestades, também está ligada às águas, pois na Nigéria Oyá é dona do rio Niger, também chamado pelos yorubás de Odò Oyá ou "Rio de Oyá".

Não diferente dos demais
òrìsá femininos, Yemo também está muito ligada às águas.
É o
òrìsá que em terra yorubá é patrona de dois rios: o rio Yemoja e o rio Ogun – não confundir com o òrìsá Ògún, Deus do ferro. Daí Yemoja estar associada à expressão Odò Iyá, ou seja, "Mãe dos Rios".

Resumindo, a água é um elemento natural aos
òrìsá femininos. Não só dentro do culto de Candomblé, mas como em toda a vida, ela é de suma importância pois, como é dito, a água é o princípio da vida.



Fonte: http://soberanayemanja.blogspot.com/

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