sexta-feira, 29 de abril de 2011

Ética no Candomblé, Cuidado com os caça-cabeças!!!

Cuidado com os “caça-cabeças”.


Para aquele que nunca ouviu a expressão “caça-cabeças”, saiba que ela é usada para indicar dentro da linguagem do povo de santo, os zeladores(as), ou pessoas que se dizem da religião, que ficam por aí fazendo de tudo para ter pessoas dentro de suas casas de candomblé, sem usar a ética religiosa, falando em nome do Òrìsá, para o mau exercício da religião.

Em todas as crenças existem pessoas boas e ruins, não estou aqui para falar mal da minha religião, quero simplesmente alertar, você abiyan, ìyáwò ou até mesmo, egbomi, que pensa em sair da sua casa de candomblé, por conversas de outras pessoas, abaixo eu listei algumas atitudes que você deve ficar atento:

Cuidado com...

- Pessoas que se aproximam de você e começam falar mal de seus zeladores, sem mesmo os conhecerem;

- Falam também que você pode ter sido “feito” errado e por isso sua vida está com algum problema, e prometem que vão dá um jeito;

- Te oferecem tudo para fazer o santo, até mesmo cargos;

- Geralmente essas pessoas saíram das casas de seus pais de santo, com brigas e desavenças, ou mesmo fizeram irmãos de santo e clientes acreditarem que suas casas eram melhores;

- E acreditem, eles não respeitam ninguém, seu objetivo é ter seguidores para assim alcançar um status. Status esse, que se pode chegar com um trabalho sério e dedicado, sem precisar usar a famosas malandragem;

Aos recém chegados no Candomblé fica a mensagem: Não se deixe iludir por pessoas que prometem mundos e fundos, o Candomblé tem uma mensagem muito especial, é acima de tudo uma filosofia de vida e não a resolução para todos os seus problemas. Você que tem um ou dois anos de santo, pare sua cabeça e pense se você já conhece tão bem o Òrìsá, a ponto de julgar o que é certo ou errado. Seja amigo do seu zelador(a), é lógico que muito fácil acreditar em quem está fora da situação, afinal santo de casa não faz milagre, só que tudo tem uma conseqüência e muitas vezes não tem volta.

"Desde de pequeno eu vi, muitos desses “caças-cabeças”, surgirem e desaparecerem como em um piscar de olhos, e por que? Porque não tinham ética religiosa. E pra você zelador ou zeladora, não se tornar um deles, tenha cuidado, quando um ìyáwò chegar em sua casa, saiba da onde a pessoa vem, porque saiu da casa de santo do seu antigo zelador, isso é muito importante. Conseguimos com isso minimizar muitas dores de cabeça."

 



Bom esse assunto é polêmico e poderíamos falar disso durante horas, afinal esse tipo de malandro(a) não aparece só no contexto religioso, aparece em todos os ramos da vida.
Estamos vivendo uma epidemia desse tipo de Zeladores(as), que fazem uma busca desenfreada por "cabeças", sem a menor ética, decência, idoneidade ou caráter. Será que em nenhum momento, esse tipo de gente, não percebe ou analisa que estão "firmando" as suas casas baseada na mentira e no mau caratismo? Pegar ìyáwòs "prontos" de outras casas, é coisa de gente pequena, que não tem um propósito religioso, nenhuma diretriz ou conduta moral, e só se limitam a carregar os títulos sem fazer a honra devida aos seus Oyès. Existem aqueles que apenas servem-se ou tentam servir-se da religião para seus próprios interesses. Não esclarecem nem difundem os sublimes ensinamentos e metas do astral superior; pregam ritualísticas sem base moral, sem fundamento; sustentam-se vaidosamente seus egos, dos que "arrecadam"  de zeladores(as) sérios(as) e comprometidos(as) com o seu Sagrado. 

Quanto esses elementos que insistem em esconder os problemas na religião, fazem-no porque, pegando o que é dos outros, acabam ridiculamente sentindo-se mais fortes, porém, estão camuflando as aberrações ético-morais de si mesmos, contaminados pela má conduta, a falta de caráter e a desonestidade repelidas pela religião. Para esses, somente a misericórdia dos Deuses!!

E para os ìyáwos, que pensam que filiando-se ou cercando-se desse tipo de gente, estarão acrescentando algo nas suas vidas espirituais,  nada será acrescido. Suas páginas permanecerão em branco, e deixarão de escrever suas verdadeiras histórias espirituais. Até porque, em sua maioria, foi o próprio Òrìsá dessas pessoas, que escolheu as mãos dos seus zeladores(as). Não entendo, como após a concretização da iniciação, esses filhos começam a colocar impasses e defeitos? É claro que toda regra há exceção! Existem "casos" e "casos", porém, partimos do princípio básico, que não existem erros por parte dos Òrìsás, pois "Eles" sempre sabem o que é melhor para seus filhos(as). Aonde estão esses Òrìsás que sabem chegar na cabeça dos seus filhos, para se colocarem sob os cuidados daqueles zeladores(as), e que  como "passe de mágica" acabam sendo coniventes com a "vontade" dos seus filhos(as) de saírem dos seus Asès, na maioria das vezes sem a menor justificativa??  Acredito que o "Òrìsá inquizilado", tem que falar para o seu respectivo zelador(a), o motivo da sua kizila, e  não, externar a sua kizila para outros que em nada  contribuíram para a sua iniciação, fato que ocorre comumente nos dias de hoje. Esquecendo-se principalmente, do juramento (Kàró)  de fidelidade e compromisso assumidos por conta da sua iniciação. 

"O juramento foi em vão ou existe Judas dentro da religião do Candomblé??" A pergunta que não quer calar!!






A tradição oral do Candomblé, repassada pelos versos de Ifá, o adivinho, pode ser condensada em 16 odus, ou caminhos, a ser seguidos por todo aquele que cultua Òrìsás. Ei-los:


Ifá nos aconselha:

1º - ÒKÀNRÀN: Não fazer mal a ninguém.
2º - ÉJÌ ÒkÒ: Não sentir ódio nem destratar o outro.
3º - ETÁ ÒGÚNDÁ: Não guardar sentimentos de vingança.
4º - ÌRÒSÙN: Não fazer armadilhas nem caluniar.
5º – ÒSÉ: Não invejar nada nem ninguém.
6º - ÒBÀRÀ: Não mentir.
7º - ÒDÍ: Não corromper nem se deixar ser corrompido.
8º - ÈJÌ ONÍLÈ: Usar bem a cabeça neste mundo e respeitar os segredos alheios.
9º - ÒSÁ: Não ser falso com o próximo.
10º - ÒFÚN: Não roubar, não jurar em falso nem amaldiçoar.
11º - ÒWÓNRÍN: Não matar, não arruinar a vida de outros e ser grato ao bem que nos façam.
12º - ÈJÌLÁ SEBORÁ: Evitar os escândalos e as tragédias.
13º - ÈJÌ OLÓGBON: Respeitar os Ancestrais.
14º - ÌKÁ: Não espalhar doenças, a corrupção e a maldade sobre o mundo.
15º - ÒGBEGÚNDÁ: Respeitar aos mais velhos, as crianças, o pai e a mãe.
16º - ÀLÀÁFÍÀ: Ouvindo estes conselhos não sentirá vergonha no dia que tiver que se apresentar perante Olódùmarè!




"Esse povo só não dá a cabeça a sapo , porque ele não estica o braço" by Pai Otávio de Omolu

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