CULINÁRIA AFRO-BRASILEIRA
O negro introduziu na cozinha o leite de coco-da-baía, o azeite de dendê, confirmou a excelência da pimenta malagueta sobre a do reino, deu ao Brasil o feijão preto, o quiabo, ensinou a fazer vatapá, caruru, mungunzá, acarajé, angu e pamonha.
A cozinha negra, pequena mais forte, fez valer os seus temperos, os verdes, a sua maneira de cozinhar. Modificou os pratos portugueses, substituindo ingredientes; fez a mesma coisa com os pratos da terra; e finalmente criou a cozinha brasileira, descobrindo o chuchu com camarão, ensinando a fazer pratos com camarão seco e a usar as panelas de barro e a colher de pau.
Milagre para o governador tomar sopa
A cozinha negra, pequena mais forte, fez valer os seus temperos, os verdes, a sua maneira de cozinhar. Modificou os pratos portugueses, substituindo ingredientes; fez a mesma coisa com os pratos da terra; e finalmente criou a cozinha brasileira, descobrindo o chuchu com camarão, ensinando a fazer pratos com camarão seco e a usar as panelas de barro e a colher de pau.
Milagre para o governador tomar sopa
O primeiro negro pisou no Brasil com a armada de Martin Afonso. Negros e mulatos (da Guiné e do Cabo Verde) chegaram aqui em 1549, com o Governador Tomé de Souza, que comia mal e era preconceituoso: entre outras coisas, não admitia sopa de cabeça de peixe, em honra a São João Batista.
Bem que o Padre Nóbrega tentou convencê-lo de que era bobagem, mas Tomé de Souza resistiu, até que o jesuíta mandou deitar a rede ao mar e ela veio só de cabeça de peixe, bem fresca e o homem deixou a mania, entrou na sopa.
Da Guiné vieram, principalmente, fulas e mandingas, islamitas e gente de bem comer. Os fulas eram de cor opaca, o que resultou no termo "negro fulo" (entrando depois na língua a expressão "fulo de raiva", para indicar a palidez até do branco). Os mandingas também entraram na língua como novo sinônimo para encantamentos e artes mágicas. Mas os iorubanos ou nagôs, os jejes, os tapas e os haussás, todos sudaneses islamitas e da costa oeste também, fizeram mais pela nossa cozinha porque eram mais aceitos como domésticos do que a gente do sul, o povo de Angola, a maioria de língua banto, ou do que os negros cambindas do Congo, ou os minas, ou os do Moçambique, gente mais forte, mais submissa e mais aproveitada para o serviço pesado.
O africano contribuiu com a difusão do inhame, da cana de açúcar e do dendezeiro, do qual se faz o azeite-de-dendê. O leite de coco, de origem polinésia, foi trazido pelos negros, assim como a pimenta malagueta e a galinha de Angola.
A INTRODUÇÃO DA CULINÁRIA AFRICANA NO BRASIL
CONHECIMENTOS SOBRE A COZINHA DE SANTO
A cozinha de santo nas Nações de Ketu, Djeje, Angola, Nagô, Ioruba, Bantos, etc., inclusive no Omolocô quando puxado para uma das outras Nações, é bem diferente das cozinhas profanas, onde se prepara os alimentos do homem em geral.
Há uma série inteira de preceitos do ritual que se há que obedecer. Os utensílios não são iguais aos da cozinha comum. Por essa razão traçaremos um plano de organização, colocando em seqüência as coisas que precisam ser observadas para que tenhamos ORDEM e gozemos das simpatias e estima constante, de todos os ÒRÌSÁS para os quais preparamos os alimentos, as OBRIGAÇÕES.
Algumas receitas ficaram comuns com a inclusão dessa culinária:
Abará: Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de feijão-fradinho temperada com pimenta, sal, cebola e azeite-de-dendê, algumas vezes com camarão seco, inteiro ou moído e misturado à massa, que é embrulhada em folha de bananeira e cozida em água. (No candomblé, é comida-de-santo, oferecida a Yànsán, Obá e Ibeji).
Aberém: Bolinho de origem afro-brasileira, feito de milho ou de arroz moído na pedra, macerado em água, salgado e cozido em folhas de bananeira secas. (No candomblé, é comida-de-santo, oferecida a Omulu e Osùmàrè).
Abrazô: Bolinho da culinária afro-brasileira, feito de farinha de milho ou de mandioca, apimentado, frito em azeite-de-dendê.
Akasá: Bolinho da culinária afro-brasileira, feito de milho macerado em água fria e depois moído, cozido e envolvido, ainda morno, em folhas verdes de bananeira. (Acompanha o vatapá ou caruru. Preparado com leite de coco e açúcar, é chamada akasá de leite.) [No candomblé, é comida-de-santo, oferecida a Osáàlá, Nanan, Ibeji, Yemoja e Esú.]
Adum: Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moído, misturado com azeite-de-dendê e mel. (No candomblé, é comida-de-santo, oferecida a Òsún).
Aluá: Bebida refrigerante feita de milho, de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com açúcar ou rapadura, usada tradicionalmente como oferenda aos òrìsás nas festas populares de origem africana.
Kibebe: Prato típico do Nordeste, de origem africana, feito de carne-de-sol ou com charque, refogado e cozido com abóbora. Tem a consistência de uma papa grossa e pode ser temperado com azeite-de-dênde e cheiro-verde.
Bem que o Padre Nóbrega tentou convencê-lo de que era bobagem, mas Tomé de Souza resistiu, até que o jesuíta mandou deitar a rede ao mar e ela veio só de cabeça de peixe, bem fresca e o homem deixou a mania, entrou na sopa.
Da Guiné vieram, principalmente, fulas e mandingas, islamitas e gente de bem comer. Os fulas eram de cor opaca, o que resultou no termo "negro fulo" (entrando depois na língua a expressão "fulo de raiva", para indicar a palidez até do branco). Os mandingas também entraram na língua como novo sinônimo para encantamentos e artes mágicas. Mas os iorubanos ou nagôs, os jejes, os tapas e os haussás, todos sudaneses islamitas e da costa oeste também, fizeram mais pela nossa cozinha porque eram mais aceitos como domésticos do que a gente do sul, o povo de Angola, a maioria de língua banto, ou do que os negros cambindas do Congo, ou os minas, ou os do Moçambique, gente mais forte, mais submissa e mais aproveitada para o serviço pesado.
O africano contribuiu com a difusão do inhame, da cana de açúcar e do dendezeiro, do qual se faz o azeite-de-dendê. O leite de coco, de origem polinésia, foi trazido pelos negros, assim como a pimenta malagueta e a galinha de Angola.
A INTRODUÇÃO DA CULINÁRIA AFRICANA NO BRASIL
CONHECIMENTOS SOBRE A COZINHA DE SANTO
A cozinha de santo nas Nações de Ketu, Djeje, Angola, Nagô, Ioruba, Bantos, etc., inclusive no Omolocô quando puxado para uma das outras Nações, é bem diferente das cozinhas profanas, onde se prepara os alimentos do homem em geral.
Há uma série inteira de preceitos do ritual que se há que obedecer. Os utensílios não são iguais aos da cozinha comum. Por essa razão traçaremos um plano de organização, colocando em seqüência as coisas que precisam ser observadas para que tenhamos ORDEM e gozemos das simpatias e estima constante, de todos os ÒRÌSÁS para os quais preparamos os alimentos, as OBRIGAÇÕES.
Algumas receitas ficaram comuns com a inclusão dessa culinária:
Abará: Bolinho de origem afro-brasileira feito com massa de feijão-fradinho temperada com pimenta, sal, cebola e azeite-de-dendê, algumas vezes com camarão seco, inteiro ou moído e misturado à massa, que é embrulhada em folha de bananeira e cozida em água. (No candomblé, é comida-de-santo, oferecida a Yànsán, Obá e Ibeji).
Aberém: Bolinho de origem afro-brasileira, feito de milho ou de arroz moído na pedra, macerado em água, salgado e cozido em folhas de bananeira secas. (No candomblé, é comida-de-santo, oferecida a Omulu e Osùmàrè).
Abrazô: Bolinho da culinária afro-brasileira, feito de farinha de milho ou de mandioca, apimentado, frito em azeite-de-dendê.
Akasá: Bolinho da culinária afro-brasileira, feito de milho macerado em água fria e depois moído, cozido e envolvido, ainda morno, em folhas verdes de bananeira. (Acompanha o vatapá ou caruru. Preparado com leite de coco e açúcar, é chamada akasá de leite.) [No candomblé, é comida-de-santo, oferecida a Osáàlá, Nanan, Ibeji, Yemoja e Esú.]
Adum: Doce de origem afro-brasileira feito de milho torrado e moído, misturado com azeite-de-dendê e mel. (No candomblé, é comida-de-santo, oferecida a Òsún).
Aluá: Bebida refrigerante feita de milho, de arroz ou de casca de abacaxi fermentados com açúcar ou rapadura, usada tradicionalmente como oferenda aos òrìsás nas festas populares de origem africana.
Kibebe: Prato típico do Nordeste, de origem africana, feito de carne-de-sol ou com charque, refogado e cozido com abóbora. Tem a consistência de uma papa grossa e pode ser temperado com azeite-de-dênde e cheiro-verde.
REGRAS SEGUIDAS NA COZINHA DE SANTO
Via de regra, a Cozinha de Santo tem os seguintes apetrechos, os seguintes utensílios:
MESA OU BANCA onde se colocam os fogareiros à carvão, se na casa não existe ou não tem FOGÃO DE LENHA. Como medida de precaução e até mesmo de maior higiene a mesa modesta, ou banca, deve ser forrada de folha de Flandres (ou folha de alumínio) que evitará seja a madeira queimada pela quentura dos fogareiros e/ou pelas brasas que escapam pela grelha; ela pode ser um pouco comprida para comportar, ao lado, um grande alguidar ou bacia, onde se procede a lavagem dos utensílios, panelas e louça.
Um FOGAREIRO (ou vários) conforme a necessidade, de ferro, para carvão vegetal. São facilmente encontrados em lojas de ferragens, principalmente nos bairros mais modestos.
PANELAS DE BARRO, vidradas ou simples, ou então de ferro. Nós preferimos as de barro, como nos tempos passados.
AS COLHERES são de pau, de variados tipos. RALOS para côco são de folha. URUPEMBA (peneira) é de taquara e a encontramos em casas especializadas, o COADOR deve ser de folha.
MÁQUINA de moer carne. Atualmente já não se encontra PEDRA DE RALAR, DE MOER (mó) para triturar grãos e por esse motivo só pode ser resolvido com um moinho ou pilão (que já é difícil de encontrar). A escumadeira também é de folha.
O FOGAREIRO ou o FOGÃO DE LENHA não se abana para os dois lados, como na feitura de alimentos profanos; abana-se da Direita para a Esquerda, a princípio parece difícil, mas em pouco tempo acha-se o jeito.
Constituída ou organizada a Cozinha, vejamos agora as pessoas que nela vão trabalhar:
As ÌYÁBÁS ou ÌYÁBASÉS, as cozinheiras do Santo, trabalham paramentadas, vestidas no ritual. Colocam ao pescoço os fios de conta do òrìsá cujo alimento está sendo preparado.
Se tem-se recursos maiores, procura-se ter um depósito ou numa dispensa o material ou ingredientes mais usados para se poder atender rapidamente, ao pedido ou ordem superior, referente à qualquer obrigação.
Nos depósitos da cozinha de Santo, não devem faltar os seguintes artigos ou gêneros mais aplicados na alimentação ou nas obrigações:
Azeite de dendê.
Azeite de Oliveira (azeite doce)
Arroz quebradinho
Canjica
Canjiquinha de milho vermelho
Cebolas
Farinha de mandioca, farinha de guerra, farinha de pau.
Feijão fradinho, feijão miúdo
Feijão branco
Feijão vermelho
Fubá de milho vermelho
Fubá de milho branco
Fubá de Arroz
Maisena
Milho alho - para pipocas
Noz moscada
Ori
Pimenta malagueta
Velas
Antes de começar o trabalho de cozinhar para o santo, a ÌYÀBÁ, ou filha de fé, ou filha de santo, acende uma vela ao seu ELEDÁ, próximo ou ao lado do local onde vai executar o dito trabalho e ao lado da vela, um copo d'água. Se o trabalho se alongar e a vela terminar, antes que isso aconteça, acende-se outra sobre o toco que está terminando, uma outra e ao terminar o trabalho, retira-se a vela e o copo d'água de perto do fogão ou fogareiro, colocando-a no PEJI ou em lugar alto para terminar, terminada a vela, despacha-se a água em lugar que haja água corrente, no lavatório, no tanque.
Após o serviço, as brasas dos fogareiros são apagadas com areia, nunca com água.
Organizada a cozinha, poderemos a qualquer momento, preparar a iguarias originariamente destinadas aos Òrìsás tal qual são realizadas na fonte doutrinária do Candomblé.
A história da alimentação, dá-nos uma coleção de preceitos e crendices, conforme segue:
Não se come despido ou sem camisa, é ofensa ao Anjo da Guarda;
Comer com chapéu na cabeça é comer acompanhado de forças negativas;
Não se come com o prato na mão, a miséria fareja;
Não se come as pontas dos animais ou aves são Asés (pertencem ) ao santo;
Dinheiro sobre a mesa de refeições provoca miséria;
Quando cai comida no chão ou escapa do talher e vai ao solo é sinal de que existe parente passando necessidade;
Não se apanha alimento que cai ao chão. É das almas;
Recebe-se o prato com a mão direita - é benção do prato cheio (C. Cascudo);
Pão não se joga fora - é corpo de Deus;
Donzela não serve sal, não corta galinha, nem passa palitos - custa a casar. (C. Cascudo);
Relativamente à cozinheira, prescrevem:
Não se mexe alimentos que estão cozinhando, no sentido da mão esquerda, senão desanda ou encrua;
Não se mexe comida de Esú com a mão direita, para não absorver fluídos negativos;
Antes de começar a cozinhar para o santo, faz-se o sinal da cruz, tudo correrá bem;
Não bata com a tampa da panela quando estiver cozinhando, afugenta a proteção;
Quando a comida não quer amolecer, coloca-se na panela, três caroços de milho, amolece rápido;
Não deve cozinhar para o santo: os homens de corpo sujo e as mulheres de corpo aberto; Corta o efeito das obrigações;
São várias as determinações referentes ao ritual de Candomblé, assim:
Não se cortam aves ou bichos de quatro pés a não ser nas juntas. O santo recusa.
Obrigação mal feita ou mal arriada, paga-se em dobro.
Quando se arreia uma obrigação na encruzilhada, não se volta, nem se passa pelo mesmo caminho durante 24 horas, para não pegar os miasmas de retorno.
Antes de se sacrificar um animal (quando necessário) nos terreiros, manda-se limpá-lo com o omi (água), sem isso o santo não aceita.
O Sacrifício de aves e/ou animais só são aplicados por conta da necessidade vista através da consulta dos búzios ao Òrìsá.
VARIEDADES DAS COMIDAS DE SANTO
ESÚ - farofa - dendê e pinga.
ÒGÚN - feijão preto com cebola.
OSÓÒSI - milho e coco.
OSANIYN - feijão preto com mel e coco.
OBALUWAIYÈ - pipocas.
SANGÒ - quiabo ( Ajegbò e Amalá ).
OSÙMÀRÈ - batata doce ou amendoim cozido com casca e mel.
ÒSÚN - ovos cozidos, camarão, milho e coco.
YÁNSÀN - acarajés.
NANAN - folha de Mostarda ou Taioba.
OBÁ - divide com Sangò, o quiabo ( Amalá ).
YEWÁ - frutas.
IROKO - verduras e cebola.
YEMOJÁ - arroz, mel, peixe, manjar branco.
OSÁÀLÁ - rroz branco, canjica, inhame pilado e cozido.
COMIDA PARA ESÚ:
Material ecessário: Farinha, azeite-de-dendê, mel, milho branco e vermelho, figado, coração e bofe de boi, cebola, camarão seco socado, oberó.
Maneira de Preparar:
Mi-Ami-Mi : É a farofa amarela ( farinha misturada com Azeite-de-Dendê ).
Pade branco : É a farofa de Mel ( farinha de mandioca misturada com mel de Abelha ).
Akasá branco: O akasá feito de milho branco de canjica, moído e enrolado na folha da bananeira depois de cozido.
Eran : Fígado, coração e bofe de boi, cortados em pedaços muídos, misturados com azeite-de-dendê, camarão seco socado e cebolas cortadas em rodelas, num oberó.
Via de regra, a Cozinha de Santo tem os seguintes apetrechos, os seguintes utensílios:
MESA OU BANCA onde se colocam os fogareiros à carvão, se na casa não existe ou não tem FOGÃO DE LENHA. Como medida de precaução e até mesmo de maior higiene a mesa modesta, ou banca, deve ser forrada de folha de Flandres (ou folha de alumínio) que evitará seja a madeira queimada pela quentura dos fogareiros e/ou pelas brasas que escapam pela grelha; ela pode ser um pouco comprida para comportar, ao lado, um grande alguidar ou bacia, onde se procede a lavagem dos utensílios, panelas e louça.
Um FOGAREIRO (ou vários) conforme a necessidade, de ferro, para carvão vegetal. São facilmente encontrados em lojas de ferragens, principalmente nos bairros mais modestos.
PANELAS DE BARRO, vidradas ou simples, ou então de ferro. Nós preferimos as de barro, como nos tempos passados.
AS COLHERES são de pau, de variados tipos. RALOS para côco são de folha. URUPEMBA (peneira) é de taquara e a encontramos em casas especializadas, o COADOR deve ser de folha.
MÁQUINA de moer carne. Atualmente já não se encontra PEDRA DE RALAR, DE MOER (mó) para triturar grãos e por esse motivo só pode ser resolvido com um moinho ou pilão (que já é difícil de encontrar). A escumadeira também é de folha.
O FOGAREIRO ou o FOGÃO DE LENHA não se abana para os dois lados, como na feitura de alimentos profanos; abana-se da Direita para a Esquerda, a princípio parece difícil, mas em pouco tempo acha-se o jeito.
Constituída ou organizada a Cozinha, vejamos agora as pessoas que nela vão trabalhar:
As ÌYÁBÁS ou ÌYÁBASÉS, as cozinheiras do Santo, trabalham paramentadas, vestidas no ritual. Colocam ao pescoço os fios de conta do òrìsá cujo alimento está sendo preparado.
Se tem-se recursos maiores, procura-se ter um depósito ou numa dispensa o material ou ingredientes mais usados para se poder atender rapidamente, ao pedido ou ordem superior, referente à qualquer obrigação.
Nos depósitos da cozinha de Santo, não devem faltar os seguintes artigos ou gêneros mais aplicados na alimentação ou nas obrigações:
Azeite de dendê.
Azeite de Oliveira (azeite doce)
Arroz quebradinho
Canjica
Canjiquinha de milho vermelho
Cebolas
Farinha de mandioca, farinha de guerra, farinha de pau.
Feijão fradinho, feijão miúdo
Feijão branco
Feijão vermelho
Fubá de milho vermelho
Fubá de milho branco
Fubá de Arroz
Maisena
Milho alho - para pipocas
Noz moscada
Ori
Pimenta malagueta
Velas
Antes de começar o trabalho de cozinhar para o santo, a ÌYÀBÁ, ou filha de fé, ou filha de santo, acende uma vela ao seu ELEDÁ, próximo ou ao lado do local onde vai executar o dito trabalho e ao lado da vela, um copo d'água. Se o trabalho se alongar e a vela terminar, antes que isso aconteça, acende-se outra sobre o toco que está terminando, uma outra e ao terminar o trabalho, retira-se a vela e o copo d'água de perto do fogão ou fogareiro, colocando-a no PEJI ou em lugar alto para terminar, terminada a vela, despacha-se a água em lugar que haja água corrente, no lavatório, no tanque.
Após o serviço, as brasas dos fogareiros são apagadas com areia, nunca com água.
Organizada a cozinha, poderemos a qualquer momento, preparar a iguarias originariamente destinadas aos Òrìsás tal qual são realizadas na fonte doutrinária do Candomblé.
A história da alimentação, dá-nos uma coleção de preceitos e crendices, conforme segue:
Não se come despido ou sem camisa, é ofensa ao Anjo da Guarda;
Comer com chapéu na cabeça é comer acompanhado de forças negativas;
Não se come com o prato na mão, a miséria fareja;
Não se come as pontas dos animais ou aves são Asés (pertencem ) ao santo;
Dinheiro sobre a mesa de refeições provoca miséria;
Quando cai comida no chão ou escapa do talher e vai ao solo é sinal de que existe parente passando necessidade;
Não se apanha alimento que cai ao chão. É das almas;
Recebe-se o prato com a mão direita - é benção do prato cheio (C. Cascudo);
Pão não se joga fora - é corpo de Deus;
Donzela não serve sal, não corta galinha, nem passa palitos - custa a casar. (C. Cascudo);
Relativamente à cozinheira, prescrevem:
Não se mexe alimentos que estão cozinhando, no sentido da mão esquerda, senão desanda ou encrua;
Não se mexe comida de Esú com a mão direita, para não absorver fluídos negativos;
Antes de começar a cozinhar para o santo, faz-se o sinal da cruz, tudo correrá bem;
Não bata com a tampa da panela quando estiver cozinhando, afugenta a proteção;
Quando a comida não quer amolecer, coloca-se na panela, três caroços de milho, amolece rápido;
Não deve cozinhar para o santo: os homens de corpo sujo e as mulheres de corpo aberto; Corta o efeito das obrigações;
São várias as determinações referentes ao ritual de Candomblé, assim:
Não se cortam aves ou bichos de quatro pés a não ser nas juntas. O santo recusa.
Obrigação mal feita ou mal arriada, paga-se em dobro.
Quando se arreia uma obrigação na encruzilhada, não se volta, nem se passa pelo mesmo caminho durante 24 horas, para não pegar os miasmas de retorno.
Antes de se sacrificar um animal (quando necessário) nos terreiros, manda-se limpá-lo com o omi (água), sem isso o santo não aceita.
O Sacrifício de aves e/ou animais só são aplicados por conta da necessidade vista através da consulta dos búzios ao Òrìsá.
VARIEDADES DAS COMIDAS DE SANTO
ESÚ - farofa - dendê e pinga.
ÒGÚN - feijão preto com cebola.
OSÓÒSI - milho e coco.
OSANIYN - feijão preto com mel e coco.
OBALUWAIYÈ - pipocas.
SANGÒ - quiabo ( Ajegbò e Amalá ).
OSÙMÀRÈ - batata doce ou amendoim cozido com casca e mel.
ÒSÚN - ovos cozidos, camarão, milho e coco.
YÁNSÀN - acarajés.
NANAN - folha de Mostarda ou Taioba.
OBÁ - divide com Sangò, o quiabo ( Amalá ).
YEWÁ - frutas.
IROKO - verduras e cebola.
YEMOJÁ - arroz, mel, peixe, manjar branco.
OSÁÀLÁ - rroz branco, canjica, inhame pilado e cozido.
COMIDA PARA ESÚ:
Material ecessário: Farinha, azeite-de-dendê, mel, milho branco e vermelho, figado, coração e bofe de boi, cebola, camarão seco socado, oberó.
Maneira de Preparar:
Mi-Ami-Mi : É a farofa amarela ( farinha misturada com Azeite-de-Dendê ).
Pade branco : É a farofa de Mel ( farinha de mandioca misturada com mel de Abelha ).
Akasá branco: O akasá feito de milho branco de canjica, moído e enrolado na folha da bananeira depois de cozido.
Eran : Fígado, coração e bofe de boi, cortados em pedaços muídos, misturados com azeite-de-dendê, camarão seco socado e cebolas cortadas em rodelas, num oberó.
COMIDA PARA OGÚN
Material necessário: Inhame, azeite-de-dendê, mel de abelhas.
Maneira de Fazer:
Frita-se o inhame na brasa. Depois disso, descansa-se e tempera-se no azeite-de-dendê e o mel de abelhas.
ERAN - O Eran de Ogún é feito com miúdos de boi, cortados bem pequenos e cozidos no azeite-de-dendê. Depois, eles são passados num refogado de cebola ralada e estão prontos.
EFUN - Farofa de mel - mistura-se a farinha de mandioca com mel de abelhas e pronto. Pode-se colocar num Oberó, nos pés de Ogún, ou nas estradas, pedindo a Ogún que adoce os seus caminhos e suas estradas.
COMIDA PARA OXÓSSI (ODÉ)
Material necessário: Milho Vermelho, côco, 1 oberó
Maneira de Fazer:
Asosó - É a comida mais comum de Osóòsi - cozinha-se o milho vermelho somente em água, depois deixa-se esfriar, coloca-se num Oberó e enfeita-se por cima com fatias de côco.
COMIDA PARA ÒSÚN
Omolokún
Material necessário: Feijão fradinho, cebola, camarão seco socado, azeite-de-dendê, ovos cozidos.
Maneira de Fazer:
Cozinha-se o feijão fradinho só em água. Em seguida, tempera-se num refogado de cebola ralada com camarão seco socado de dendê. Coloca-se em uma tigela e enfeita-se por cima com ovos, descascados.
COMIDA PARA YÁNSÀN - OYÁ
Acarajé
Material necessário: Feijão fradinho, camarão seco socado, cebola, azeite-de-dendê.
Maneira de Fazer:
Coloca-se o feijão fradinho de molho em água, para descansá-lo crú. Depois, moesse o feijão e mistura-se com a cebola ralada, camarão seco socado e deixa-se a massa descansar, coberta por um pano ou uma pedra de carvão no meio. Depois, bate-se bem a massa para dar ponto, e fritam-se bolos tirados com a colher, no azeite-de-dendê bem quente.
COMIDA PARA OSÙMÀRÈ
Material necessário: Feijão fradinho, milho vermelho, cebola, azeite-de-dendê.
Maneira de fazer:
Cozinha-se o feijão fradinho em água. Separado, cozinha-se o milho vermelho também em água. Depois, juntar o feijão e o milho, num refogado de cebola ralada com Azeite-de-Dendê.
Nota: Osùmàrè e Yewá comem juntos. Osùmàrè é a cobra macho e Yewá a cobra, chamados no Djeje de Dan-Bessén ou Azaundo.
Material necessário: Milho vermelho, feijão fradinho, azeite-de-dendê, camarão seco, 1 oberó, batata-doce, ovos cozidos, 1 côco, mel.
Maneira de Fazer:
Cozinha-se o milho só em água. Separado, cozinha-se o feijão fradinho, também só em água. Refoga-se o feijão com azeite-de-dendê, cebola ralada e camarão seco socado. Coloca-se o feijão em metade de um oberó e, na outra metade o milho vermelho. Frita-se a batata-doce e coloca-se por cima em fatias, em volta, enfeita-se um ovos cozidos em rodelas, fatias de côco e coloca-se bastante mel de abelha por cima.
COMIDA PARA OSANYIN
Material necessário: Batata-doce, cebola, azeite-de-dendê, oberó.
Maneira de fazer:
Cozinha-se a batata-doce só em água. Depois, descansa-se e amassa-se feito purê. Ai, mistura-se num refogado de cebola ralada com azeite-de-dendê, e coloca-se tudo num oberó.
COMIDA PARA OBÁ
Material necessário: Feijão fradinho, cebola, camarão seco socado, azeite-de-dendê, farinha de mandioca, oberó.
Maneira de Fazer:
Cozinha-se o feijão em água. Depois, mistura-se num refogado de cebola raladas, camarão seco socado, azeite-de-dendê e água. por cima, adiciona-se farinha de mandioca, fazendo um pirão e coloca-se num oberó.
Nota: Conta-se que Obá é a dona do amor e quando se quer solucionar uma questão de amor, oferece-se uma comida desta na beira do lago, com muitas velas e flores.
COMIDA PARA YEMOJÁ
Ejá (peixe)
Material necessário: Peixe de qualidade vermelho, azeite doce, camarão seco socado, cebola ralada.
Maneira de Fazer:
Cozinha-se o peixe em refogado de azeite doce com camarão seco socado e cebola.
EGBÒIYÁ
Material necessário: Canjica cozida, azeite doce, camarão seco socado, cebola ralada.
Maneira de Fazer:
Cozinha-se a canjica, tempera-se com azeite doce, camarão seco socado e cebola ralada.
COMIDA PARA NANAN
Damborò
Material Necessário: Folha de Taioba ou Mostarda, cebola ralada, camarão seco socado, azeite-de-dendê.
Maneira de Fazer:
Cozinha-se bem a folha de taioba ou mostarda,e em seguida tempera-se num refogado de cebola ralada, camarão seco socado e azeite-de-dendê.
COMIDA DE OMOLU E OBALÙWAIYÈ
Doburù
Material Necessário: Milho alho ( para pipoca ) ou milho vermelho, areia da praia.
Maneira de Fazer:
Numa panela quente com areia da praia, estourar o milho e está pronto o doburú.
OUTRAS COMIDAS
Material Necessário: Feijão preto, cebola, ½ K de camarão seco, azeite-de-dendê.
Maneira de Fazer:
Cozinha-se o feijão preto, só em água, e depois refoga-se cebola ralada, camarão seco e azeite-de-dendê.
COMIDA PARA SANGÒ
Amalá
Material necessário: Quiabos, Mel, azeite-de-dendê, água, gamela, carne de sol.
Maneira de Fazer:
Cortam-se os quiabos em pedacinhos bem pequenos, depois tempera-se com cebola ralada, camarão seco socado e azeite-de-Dendê. Cozinha-se bastante e depois mistura-se com a carne de sol cozida e cortadas em pedacinhos.
COMIDA PARA OSÁÀLÁ
Egbò
Material necessário: Canjica branca, Mel, Algodão, Água.
Maneira de Fazer:
Cozinha-se a canjica somente em água. Depois de bem cozida, coloca-se numa vasilha branca, coloca-se bastante mel de abelhas e cobre-se com algodão.
Akasá
Material necessário: Canjica branca, folha de bananeira.
Maneira de Fazer:
Moe-se o milho de canjica, cozinha-se até dar até dar o ponto de ficar bem durinho e enrole os bolinhos na folha da bananeira.
Inhame Acará
Cozinha-se o inhame e depois amassa-se feito um purê. Faz-se bolinhos na mão e coloca-se em pratos brancos. Oferece-se a Osáàlá.
Nota: Todos os Òrìsás do Candomblé comem akasá branco. Em cima da comida do Òrìsá, antes de oferecer-lhe, deve-se abrir um akasá branco.
Fonte: http://www.reideife.rg3.net/
hum que bom en hum
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