Tenho participado de reuniões de enfrentamento religioso, inclusive, um trabalho muito sério, dedicado e que tem tudo para dar certo, porém atento para um único detalhe: Estamos em um pleito para combatermos a intolerância religiosa externa, onde não queremos ser mais chamados de "macumbeiros", "adoradores do Diabo", desrespeitados, agredidos verbalmente e fisicamente, ver os nossos templos e roças invadidos e destruídos por outros adeptos de outras religiões. Tendendo a retormar os tempos dos nossos ancestrais que professavam a sua fé, escondendo-se em clareias dentro do mato para adorar os Deuses. Usando o sincretismo como tábua de salvação para que a sua crença, não fosse dissipada de vez. Isso é uma realidade existente, porém, acho que além da intolerância externa que estamos sendo obrigados a conviver, existe um outro fator que muito me preocupa que é a intolerância interna...Sim, a intolerância religiosa interna...intra!
Ressalto isso, porque infelizmente tenho visto, inúmeros irmãos trocarem "alfinetadas", com pretensões de saberem mais que o outro. Desfazendo dos asès alheios; desmerecendo a iniciação daqueles que não foram feitos em asès tradicionais; que não possuem pais ou mães de santo conhecidos ou reconhecidos pelos seus feitos. Desfazendo de casas que não possuam uma estrutura grandiosa, com bons jantares, boas bebidas... É triste e inadimissível, ver irmãos da mesma fé, desdenhando e denegrindo a imagem de outras casas, com o perjorativo adjetivo de "beco", o que me causa muita estranheza, pois os nossos asès tradicionais, hoje tão conhecidos, pela maioria de nós adeptos do Candomblé, começaram na dificuldade, sem uma infra-estrutura, e em sua maioria com uma localização desfavorável.
Hoje o adjetivo "beco" não é utilizado apenas para casas que realmente estejam à margem das tradições que devem ou deveriam ser cumpridas do candomblé... Virou apenas sinônimo de casas humildes e simplórias; as pessoas querem luxo, ostentação e glamour...esquecendo-se do principal, que é o Culto aos Òrisás de maneira adequada e correta. Tenho consciencia absoluta, como em toda a religião, existem os maus adeptos, os que tentam se prevalecer da fé alheia, que fazem loucuras e aberrações usando o nome dos Òrisás, porém, acredito que se tivéssemos uma instituição rigorosa no controle dessas casas, muitos charlatões não estariam em evidência... Esses sim, deveriam ser punidos e coibidos de alguma maneira, a fim de não encontrarem mais espaço para abusar da fé alheia.
Todavia, a minha preocupação está em casas simples, que atravessam toda a sorte de dificuldades para continuar cultuando os Òrìsás, e por não fazerem parte de algo que a maioria das pessoas querem ver... acabam ganhando o tal ingrato título de "BECO!"
Acho que toda crítica construtiva é válida, e tenho a certeza, de que a maioria dos adeptos com compromisso efetivo com a sua religiosidade, busca uma melhora...de preferência em todos os sentidos. Daí a minha pergunta: Estamos sendo religiosos quando criticamos a Asè de uma outra pessoa?? Estamos exercendo a nossa fé nos Òrisás quando colocamos defeitos nos fundamentos e oròs realizados por essas casas?? Estamos sendo candomblecistas quando questionamos a iniciação de alguém??
Aprendi à duras penas, DIFERENTE não é ERRADO! Nossa religião, é dividida em Nações, e que em particular tem as suas raízes, matrizes e vertentes, e até dentro delas encontramos diferenças. Esquecemos que somos frutos de uma religião que tinha por base a oralidade, e sendo assim, a probabilidade de diferenças, acaba sendo inevitável. Acho que nós, religiosos de fato...temos que ter isso sempre em mente.
Desde que o mundo é mundo, a rivalidade e a competição entre os seres-humanos existe... isso é outro fato também, porém, acho que devíamos mudar um pouco os nossos comportamentos...
Quando vou em visita a outras casas, o faço com o propósito de cantar, levar uma mão a mais para bater palmas, ajudar a casa visitada, assim como muitas outras religiões fazem. Não saio de dentro da minha casa, sem esse sentimento. Ensino aos meus filhos, que esta é a maneira correta, gostaria que as pessoas se unissem, que se dessem as mãos, não falassem mal um do outro nem da sua religião. Procurando fazer com que a religião cresça. Respeitando o direito de cada um acreditar em que quiser, sem julgamentos, sem adjetivos humilhantes, sem tripudiações, sem desdenhos.
A minha defesa, e isto faço questão de enfatizar, são a casas e as pessoas que não tiveram sorte de "nascerem" em Asès tradicionais; e não aos maus adeptos que utilizam o nome da nossa religião ao seu bel prazer. Casas simples, que lutam para professar a sua fé com dignidade e respeito, e até me incluo nisso, pois não sou oriunda de um asè tradicional, ao ser iniciada , há 17 anos atrás, sabia apenas que era da Nação Ketu, mas sem nenhuma referência a minha raiz, com o tempo.. hoje encontro-me no Asè Engenho Velho, filha do Sr. Célio Delduque de Yànsán, filho de finado Xangozinho, não sou "ARA ENGENHO VELHO", apenas porque não "nasci" dentro do "ENGENHO VELHO", porém, procuro abraçar este Asè com empenho, dedicação e fidelidade, e hoje, sendo Ìyálòrìsá com casa aberta e filhos iniciados, posso passar a eles, a tradição de um Asè... meus filhos são "ARA ENGENHO VELHO", e isso, é algo que me enche de orgulho e realização...sensação de dever cumprido. E a convicção que deixarei um legado. Sou extremamente consciente do meu propósito dentro do Candomblé e da presença de Ìyá Mi Òsún na minha vida como um todo, e procuro ensinar isso a eles.
Combater uma intolerância religiosa externa, é imensamente louvável...mas, e a intolerância religiosa interna????? Eu acho que as pessoas devem se unir, dar as mãos para que o Candomblé seja uma religião de união e não de discórdia. Não estamos em um ring de lutas... a ética deveria ser mantida... Quanta de soberba existe para sempre acharmos defeitos na casa e nos feitos dos alheios?? Ora, a maneira de conduzir os atos pertencem em particular àquela casa, às vezes, criticamos, mas somos sabedores, que em muitos casos "um copo de água" vira remédio!!! O importante disso tudo, são os resultados obtidos... se está dando certo... porque julgar???
Uma vez, me disseram que "cuidar de Òrìsás era muito fácil", mesmo com todas as fundamentações... "o díficil mesmo era cuidar de pessoas"... sábias palavras... as levo comigo!
Volto a bater na mesma tecla, como queremos que os externos nos respeitem como religião, se a desunião e a intolerância é enorme internamente???
Hoje o adjetivo "beco" não é utilizado apenas para casas que realmente estejam à margem das tradições que devem ou deveriam ser cumpridas do candomblé... Virou apenas sinônimo de casas humildes e simplórias; as pessoas querem luxo, ostentação e glamour...esquecendo-se do principal, que é o Culto aos Òrisás de maneira adequada e correta. Tenho consciencia absoluta, como em toda a religião, existem os maus adeptos, os que tentam se prevalecer da fé alheia, que fazem loucuras e aberrações usando o nome dos Òrisás, porém, acredito que se tivéssemos uma instituição rigorosa no controle dessas casas, muitos charlatões não estariam em evidência... Esses sim, deveriam ser punidos e coibidos de alguma maneira, a fim de não encontrarem mais espaço para abusar da fé alheia.
Todavia, a minha preocupação está em casas simples, que atravessam toda a sorte de dificuldades para continuar cultuando os Òrìsás, e por não fazerem parte de algo que a maioria das pessoas querem ver... acabam ganhando o tal ingrato título de "BECO!"
Acho que toda crítica construtiva é válida, e tenho a certeza, de que a maioria dos adeptos com compromisso efetivo com a sua religiosidade, busca uma melhora...de preferência em todos os sentidos. Daí a minha pergunta: Estamos sendo religiosos quando criticamos a Asè de uma outra pessoa?? Estamos exercendo a nossa fé nos Òrisás quando colocamos defeitos nos fundamentos e oròs realizados por essas casas?? Estamos sendo candomblecistas quando questionamos a iniciação de alguém??
Aprendi à duras penas, DIFERENTE não é ERRADO! Nossa religião, é dividida em Nações, e que em particular tem as suas raízes, matrizes e vertentes, e até dentro delas encontramos diferenças. Esquecemos que somos frutos de uma religião que tinha por base a oralidade, e sendo assim, a probabilidade de diferenças, acaba sendo inevitável. Acho que nós, religiosos de fato...temos que ter isso sempre em mente.
Desde que o mundo é mundo, a rivalidade e a competição entre os seres-humanos existe... isso é outro fato também, porém, acho que devíamos mudar um pouco os nossos comportamentos...
Quando vou em visita a outras casas, o faço com o propósito de cantar, levar uma mão a mais para bater palmas, ajudar a casa visitada, assim como muitas outras religiões fazem. Não saio de dentro da minha casa, sem esse sentimento. Ensino aos meus filhos, que esta é a maneira correta, gostaria que as pessoas se unissem, que se dessem as mãos, não falassem mal um do outro nem da sua religião. Procurando fazer com que a religião cresça. Respeitando o direito de cada um acreditar em que quiser, sem julgamentos, sem adjetivos humilhantes, sem tripudiações, sem desdenhos.
A minha defesa, e isto faço questão de enfatizar, são a casas e as pessoas que não tiveram sorte de "nascerem" em Asès tradicionais; e não aos maus adeptos que utilizam o nome da nossa religião ao seu bel prazer. Casas simples, que lutam para professar a sua fé com dignidade e respeito, e até me incluo nisso, pois não sou oriunda de um asè tradicional, ao ser iniciada , há 17 anos atrás, sabia apenas que era da Nação Ketu, mas sem nenhuma referência a minha raiz, com o tempo.. hoje encontro-me no Asè Engenho Velho, filha do Sr. Célio Delduque de Yànsán, filho de finado Xangozinho, não sou "ARA ENGENHO VELHO", apenas porque não "nasci" dentro do "ENGENHO VELHO", porém, procuro abraçar este Asè com empenho, dedicação e fidelidade, e hoje, sendo Ìyálòrìsá com casa aberta e filhos iniciados, posso passar a eles, a tradição de um Asè... meus filhos são "ARA ENGENHO VELHO", e isso, é algo que me enche de orgulho e realização...sensação de dever cumprido. E a convicção que deixarei um legado. Sou extremamente consciente do meu propósito dentro do Candomblé e da presença de Ìyá Mi Òsún na minha vida como um todo, e procuro ensinar isso a eles.
Combater uma intolerância religiosa externa, é imensamente louvável...mas, e a intolerância religiosa interna????? Eu acho que as pessoas devem se unir, dar as mãos para que o Candomblé seja uma religião de união e não de discórdia. Não estamos em um ring de lutas... a ética deveria ser mantida... Quanta de soberba existe para sempre acharmos defeitos na casa e nos feitos dos alheios?? Ora, a maneira de conduzir os atos pertencem em particular àquela casa, às vezes, criticamos, mas somos sabedores, que em muitos casos "um copo de água" vira remédio!!! O importante disso tudo, são os resultados obtidos... se está dando certo... porque julgar???
Uma vez, me disseram que "cuidar de Òrìsás era muito fácil", mesmo com todas as fundamentações... "o díficil mesmo era cuidar de pessoas"... sábias palavras... as levo comigo!
Volto a bater na mesma tecla, como queremos que os externos nos respeitem como religião, se a desunião e a intolerância é enorme internamente???
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